PROTEÇÃO AMBIENTAL OU GARANTIA DE EMPREGO DOS JANGADEIROS
0 16/11/2017
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Vou comentar um fato ocorrido neste mês de novembro/17 quando estive viajando pela praia de Porto de Galinhas no município de Ipojuca/PE.
A fama da localidade e o motivo de tantas visitações se dá principalmente pelos seus arrecifes de corais e suas belíssimas piscinas naturais com lindos e coloridos peixes e tudo isso muito próximo a praia, o que permite fazer o trajeto a pé quando a maré está baixa, percorrendo um pequeno trecho de agua do mar. Há também um lindo passeio, podendo chegar ao mesmo local através das 80 (oitenta) jangadas que enfeitam aquele litoral.
Ocorre que o local é protegido por leis ambientais municipais... e exatamente aí que acontece a distorção e total falta de objetividade na proteção ambiental que deveria ocorrer.
A localidade não possui uma única placa indicativa de ser os arrecifes e piscinas naturais protegidos por qualquer lei, nem mesmo as pousadas fornecem informações detalhadas sobre o assunto....na prática ao chegar na praia e tentar caminhar até os arrecifes será abordado por fiscais ambientais esclarecendo que somente podem concluir o trajeto e subir nos arrecifes para visitar as piscinas naturais quem possuir uma pulseira, que é fornecida gratuitamente logo no início da manhã na mesma praia e local de saída para iniciar o trajeto a pé, ocorre que apenas os 200 (duzentos) primeiros turistas no dia é que conseguem a pulseira, os demais ficam sem poder fazer a visita.....será??
A proteção ambiental esperada para o local deveria impedir a visitação dos arrecifes ou então limita-la, fornecer fiscalização e aplicação de penalidade para quem desobedecer aos fiscais, mas não é isso que ocorre.
Os fiscais, pelo menos o que eu tive contato, era uma pessoa altamente idealista, com aprofundado conhecimento de meio ambiente, reunindo turistas a sua volta causando discussões sobre proteção ambiental dos corais, além claro, impedindo que os turistas sem pulseira pudessem concluir o trajeto e subir os arrecifes.
Um turista desatento poderia retornar a praia sem concluir o passeio aos corais e ainda elogiar a conduta do fiscal e da Prefeitura local pelas iniciativas de proteção ambiental, mas na verdade a única proteção que estava sendo alcançada era a preservação da profissão dos jangadeiros.
Sim. Isso mesmo. Proteção do emprego dos jangadeiros. Nada mais.
Existe uma lei municipal, segundo o fiscal mencionado, que apesar de não ter sabido dizer seu número, afirmou que limita o acesso aos arrecifes de corais para 200 (duzentas) pessoas/dia, para quem vai a pé, através da distribuição das pulseiras com controle pelos fiscais no acesso pelo mar e, outros, se me lembro bem, aproximadamente 1300 (mil e trezentas) vagas distribuídas entre as 80 (oitenta) jangadas, resultando em 16 (dezesseis) pessoas por jangada, algo em torno de 2 (duas) viagens por jangada/dia.
Seria lindo se fosse assim mesmo, na prática as jangadas não possuem qualquer controle, sequer fornecem pulseiras e tampouco são fiscalizadas pelos idealistas fiscais ambientais que concentram todas as suas energias para controlar o acesso a pé pelos turistas enquanto as jangadas chegam e saem a vontade sem qualquer controle ou restrição.
Quem na verdade acaba sofrendo advertência são os fiscais, já que os jangadeiros ao notarem pessoas fazendo o caminho a pé criticam os fiscais para que impeçam com rigor os turistas sem pulseiras de chegarem aos arrecifes pelo mar e a pé, claro que objetivo é que esta pessoa ao retornar a praia seja abordado pelo jangadeiro oferecendo o passeio ao mesmo arrecife só que agora cobrando uma singela taxa de R$25,00 ou R$30,00 por pessoa, depende da conversa.
Não há qualquer limite de pessoas em visitar ao mesmo tempo as piscinas naturais quando se vai de jangada, o limite somente é aplicado para as pessoas a pé, esse tipo de preocupação ambiental é meramente retórica, senão política, buscando demonstrar aos incautos que o município preserva o meio ambiente quando na verdade a única proteção é a do emprego do jangadeiro.
Poderia mencionar diversas outras observações em questões ambientais como por exemplo limpeza e coleta do lixo na praia, tratamento e destino do esgoto da cidade, ambos aparentemente parciais senão inexistentes, ou então questionar a vigilância sanitária do município quanto as barracas de praia que vendem e conservam alimentos com sua elaboração em ambiente e condições bastante questionáveis ou também na quantidade de menores e em grande parte crianças que fazem comercio através de arte em azulejo com aplicação de produtos tóxicos como verniz sem nenhuma proteção, além do próprio trabalho infantil, mas tudo isso são outras histórias.
Quem tem a oportunidade de visitar outros países entende porque a vinda de estrangeiros para o Brasil é tão pequena e cai constantemente e porque a ida de brasileiros para o exterior e tão elevada mesmo em tempos de dólar alto.
Respeitar o espaço da pessoa, em especial do turista, é condição mínima para se iniciar qualquer avanço no turismo, abordagens incansáveis e desrespeitosas pelos barraqueiros na praia para garantir sua presença e gasto $$ em seu espaço de cadeiras e guarda sol sem que se permita que o turista escolha por si só é algo corriqueiro, além dos vendedores ambulantes e pedintes, todos querem seu dinheiro mas ninguém permite que possa relaxar tranquilamente, a qualidade dos serviços prestados é muito baixo, condição comum em diversas localidades visitadas pelo Nordeste, para se ter algum sossego terá que se isolar em algum resort, se quiser visitar as belezas nordestinas com carro alugado, terá que passar muita raiva, uma delas que não ocorreu em Porto de Galinhas, será ter que pagar para estacionar em local público, mesmo nas ruas que cobram área azul, isso mesmo as áreas públicas estão loteadas pelos flanelinhas que exigem valores para estacionar na rua, isso mesmo eles exigem valor para estacionar seu carro na rua em local público, incluindo ruas com muitas vagas disponíveis, conheço esta pratica como extorsão, mas lá ela ocorre na frente dos guardas municipais, que atualmente parecem serem eles que fazem a segurança pública, e de vez em quando da Polícia Militar, raro de se ver, parecem estarem sendo substituídas pelos guardas, mesmo que a Constituição Federal, ao menos ainda, não ter promovido esta alteração.
Enfim....essa viagem foi minha despedida do Nordeste. Em Porto de Galinhas vivenciei o fato mais curioso, mas em todos os demais municípios turísticos visitados tive observações e fatos anotados. Pode parecer, mas não sou viajante ocasional, apenas no Nordeste, o trajeto de Salvador/BA a Natal/RN de carro foi a segunda vez que fiz, além do trajeto Recife/PE a Natal/RN realizado também de carro, bem como outras viagens por pacotes turísticos, etc, basicamente as localidades que visitei, como Porto de Galinhas/PE, estava fazendo pela quarta vez, faço tais apontamentos com conhecimento, não faço a presente critica motivado por uma situação infeliz que poderia ter vivenciado, o fato do fiscal mencionado não ocorreu comigo, já conhecia as piscinas naturais em outras duas vezes que havia ido, mas participei da discussão pois estava no mar tomando banho quando ela se iniciou.
Aproveito para compartilhar minha experiência com outras pessoas que possam se interessar e quem sabe até, iluminar a cabeça dos governantes locais para corrigirem tais falhas apontadas, bem acho que isso não vai ocorrer, então fica o texto para outros turistas poderem conhecer um pouco do que muitos não conseguem enxergar, especialmente os turistas de primeira viagem que costumam ficarem encantados com tudo que é diferente sem se importar ou perceber o que é bom ou não.