Ronald McDonald House
Las Vegas, Nevada
8 03/05/2016
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Muitas pessoas leram meu primeiro post e ficaram interessadas em saber mais sobre a casa de apoio que ficamos em Las Vegas, e pediram para eu contar mais detalhes. Então lá vai:
Quando estávamos no hospital em Las Vegas, uma das coisas que logo nos preocupamos foi para onde iríamos quando eu recebesse alta do hospital para continuar o repouso.
Estávamos olhando hotel, casa ou apartamento para alugar que, além de caber nos nossos custos, fosse próximo ao hospital, para facilitar as consultas e acompanhamento, já que a clínica dos médicos que estavam me atendendo eram no mesmo complexo do hospital.
Já haviam passado alguns dias sem que conseguíssemos decidir, até que, num determinado momento, um dos médicos que estava nos atendendo viu nossas malas no banheiro do quarto do hospital e perguntou se já tínhamos lugar para ficar. Respondemos que não, que estávamos vendo alguma coisa para alugar para poder continuar o tratamento necessário, mas que ainda não tínhamos conseguido nada.
Foi quando ele nos falou do Instituto Ronald McDonalds (na hora, em inglês, não entendemos muito bem, mas com calma ele foi explicando mais e ficamos surpresos com o que ele estava nos oferecendo). Nos contou que o Instituto possuía uma casa de apoio próxima ao hospital e que, com o encaminhamento do médico, poderíamos ficar lá hospedados; que essa casa era para famílias com problemas na gestação e que estavam fazendo algum tipo de tratamento no hospital ou para famílias com crianças pré maturas que estavam na UTI Neonatal ou fazendo algum tratamento de saúde. Ficamos muito surpresos, nunca imaginamos que isso existia!!! Sempre soube aqui no Brasil da campanha que o Mc faz, o “Mc Dia Feliz”, que o dinheiro arrecadado ajuda crianças com câncer, mas não sabia que existiam casas de apoio da rede com toda a estrutura que o médico nos contou. Depois, pesquisei melhor e vi que aqui também existe e fazem um maravilhoso trabalho ajudando muitas crianças. Quem quiser ver um pouco mais, essa é a casa no Rio de Janeiro, http://www.casaronald.org.br/casa/historico-da-casa. Pelo que achei nas minhas pesquisas, aqui no Brasil, o instituto tem mais três casas em São Paulo e uma em Belém. Essa é a casa de Moema/SP http://www.casaronaldspmoema.org.br/a-casa/fotos/.
Bom, obviamente, topamos na hora e, no mesmo dia, ele fez o documento necessário para, assim que eu recebesse alta, podermos nos dirigir até a casa de apoio.
Passou dois dias e fui liberada para continuar o repouso em casa. Então fomos para a nossa nova casa, o Ronald McDonald House Charities (RMHC). Pegamos um táxi e fomos pra lá, ficava aproximadamente 10 min de carro do hospital. Quando fomos pagar a conta do táxi o motorista não aceitou e disse que era pago pelo Instituto. Oi?! O que?! Sim, o Ronald McDonald paga o transporte do hospital até a casa. Ali, mais uma vez, fiquei de queixo caído.
E quando vi a casa então... fiquei com a boca mais aberta ainda, estava bom demais para ser verdade, mas era, hehehe!! A casa é uma espécie de hotel-mansão, enorme, super nova e linda pra caramba!!!
Logo vieram nos receber na porta e já trouxeram uma cadeira de rodas novinha, que pude ficar usando até o último dia que eu permaneci ali, sem custo algum.
Na chegada, o Staff Zach nos mostrou toda a casa e explicou como funcionava tudo (e nós cada vez mais perplexos e não acreditando que aquilo existia e que estávamos ali).
Eles nos explicou que a casa possui 12 quartos com banheiros privativos, que esse espaço era somente nosso e mais ninguém entrava.
O restante da casa era de uso comum, as salas de estar, cozinha, lavanderia, sala de jogos, churrasqueiras, pátio, sala de jantar.
Cada um é responsável pela limpeza do seu quarto e banheiro (eles fornecem todos os proutos de limpeza) e, a cada duas semanas passava uma equipe do instituto para avaliar como estavam as condições do quarto e verificar se não encontravam nada que estava quebrando as regras. Uma delas é que era proibido se alimentar dentro do quarto (claro, um chocolate, um biscoito era permitido, mas buscar comida na cozinha e levar para comer no quarto não era permitido).
Na lavanderia, possuía 4 máquinas de lavar roupa e 4 de secar roupa, além de todos os produtos de ótima qualidade para usar à vontade. Cada habitação ganhava um cesto com o número do quarto para colocar suas roupas, que ficava em cima da máquina quando esta estava sendo utilizada. Assim, ficava identificado de quem eram aqueles pertences. Ainda, tinha uma mesa grande, ferro de passar roupa, cadeiras e livros para quem quisesse ficar ali esperando a roupa terminar o ciclo. Funcionava perfeitamente e todos obedeciam as regras.
A casa é de dois pisos, tem elevador, wi-fi em todos ambientes, 3 salas super aconchegantes para relaxar, ler livros (inclusive, uma delas tem um computador para quem quiser utilizar e em outra tem um piano de cauda!!!).
Além disso, tem uma sala de jogos muito equipada com Playstation 4, Xbox, jogos, livros, mesa Air Hockey e poltronas.
No pátio dos fundos tem vários brinquedos, entre eles cesta de basquete, motocas para crianças, quadro negro, mesinhas e carrinhos.
A cozinha... nooossa!!! A dispensa, nooossa!!! Hehehe!!!! A cozinha era enorme, na verdade era como se fosse duas cozinhas, tudo era duplo, tinha 4 pias, 2 máquinas enormes de lavar louça que cabia até as panelas (perfeita, kkk), duas geladeiras enormes e muuuitos, mas muuuitos utensílios.
Bom, ali funciona da seguinte maneira: cada quarto ganhava um cestinho com a identificação e, se tivesse alguma coisa que você gosta e a casa não possui, você podia comprar e colocar naquele cesto e guardar dentro da geladeira. Pronto! Ninguém mexe, ninguém pega, é seu!
Tudo que possui na dispensa, que está sempre lotada, está à disposição 24h para consumo, você pode comer o que quiser, a qualquer momento. Pasmem: tinha inclusive uma máquina de latinhas de refrigerante, e também era liberada para consumo...!!! :)
Mas, o mais legal de tudo é que eles têm grandes parceiros que ajudam a manter o instituto, e muito deles são as grandes redes de hotéis de Las Vegas. Então, todas as noites, vinha um grupo de voluntários dos restaurantes dos hotéis ou de alguma ONG e faziam um jantar temático para o pessoal da casa. Era uma delícia, cada dia uma comida diferente para provar e conhecer. E sobrava muuuita comida, o que já servia para o almoço do outro dia.
Eles guardavam nas geladeiras gigantes e todos podiam comer, tudo da geladeira que não estava dentro das cestinhas dos quartos podia comer.
Fomos somente uma vez ao mercado para comprar umas besteiras, como chocolate, biscoito e um queijo diferente. E, pelo que eu lembre, fizemos uma vez comida, porque eu estava com muuuita vontade de comer feijão (como não tinha feijão, na dispensa eu achei lentilha, aí num almoço fizemos a lentilha). Uma moça espanhola provou e adorou!!! :)
Essa era a sala de janta:
Para todas as famílias que precisavam ir para o hospital ou ser atendidos na clínica eles forneciam o transporte de ida e volta. Se não podiam levar ou buscar naquele momento, providenciavam e pagavam o táxi.
Outra coisa interessando: todos os dias pela manhã cinco pessoas vinham até a casa para montar cerca de 100 lanches (sanduíche com queijo e presunto, fruta, um salgadinho e um suco) para levar para crianças carentes de uma escola e também para algumas que estavam hospitalizadas. Era muito legal e toda a operação funcionava perfeitamente!
Recentemente, vi pelo Facebook que o Ronald McDonald House construiu um espaço com quarto, sala de estar e banheiro dentro do Sunrise Children's Hospital, para que as famílias que estão com seu bebê na UTI ou criança internada para tratamento no hospital possam descansar e passar o dia lá, com maior conforto e perto dos filhos. Esse espaço ainda não tinha quando eu fiquei internada, foi inaugurado posteriormente, essas fotos copiei do Facebook do RMHC.
Seguidamente, tinha alguma atividade para entreter o pessoal da casa. Uma noite teve cinema com pipoca, outro dia os profissionais de um salão de beleza foram até à casa e ofereceram seus serviços para os hóspedes (gratuitamente, sempre). No dia que fomos embora todo mundo iria para o parque aquático Wet‘n’Wild; essa perdemos, uma pena.
Eu realmente nunca dei muita bola e sinceramente não imaginava que eles investiam tão bem as doações que ganhavam (enquanto estávamos lá, a loja Kohl's doou U$ 99.000 para o RMHC de Las Vegas).
Lá, pude perceber que o dinheiro arrecadado naquelas caixinhas, com formato de casa, para colocar moeda, ali no caixa, quando estamos comprando um lanche no Mc, está sendo muito bem utilizado e vale muito a pena ajudar.
Quando entramos na casa assinamos um contrato e lá foi explicado que o custo da diária para os hóspedes era de U$ 10,00 por quarto, porém, que não era obrigatório, era pago somente se achasse necessário e tivesse condições.
Nesse tempo que ficamos lá, conhecemos pessoas de vários estados dos EUA e até outros países que estavam na casa, sempre por um problema diferente. Foi uma troca de experiências sensacional!
Conheci uma espanhola muuuito querida, que estava ajudando a sobrinha grávida com risco do bebê nascer pré maturo. Ela não podia sair da cama, estava em repouso absoluto, o médico do hospital vinha atender ela no próprio quarto do RMHC. Acabei conhecendo-a depois que o bebê nasceu, encontrava ela indo todo dia para o hospital ficar com seu bebê, que acabou nascendo com 23 semanas. Até irmos embora ele estava bem e ganhando peso.
Conhecemos ainda um casal de espanhóis. Eles moravam na Espanha e estavam lá, pois tinham problemas e não podiam ter filhos. Então, resolveram fazer a chamada “barriga de aluguel”, nos explicaram que na Espanha é proibido e que, em Las Vegas, era permitido e existem mulheres que você contrata para gerar o filho para você. Quando chegamos lá, os bebês (sim, os bebês), acabaram nascendo gêmeos. Eles já tinham 15 dias e estavam saindo da UTI. Com um mês, chegou a documentação deles e os quatro voltaram para Espanha.
Também tinha uma família de Filipinos que estavam na casa já fazia três meses (no total, ficariam seis meses). Super jovens, deveriam ter 25 anos mais ou menos, tinham dois filhos. Largaram o emprego e foram pra Las Vegas fazer o tratamento de um dos filhos deles, que possuía câncer no sangue. Eram uns amores, ajudavam em tudo na casa. Para terem uma idéia, até a filha deles que não estava fazendo tratamento (mas que também estava junto), usava uma máscara de proteção contra vírus no rosto, igual ao irmão, que estava em tratamento. Ela não precisava fazer isso, mas fazia isso pelo irmão, para ele não se sentir diferente dela.
Ainda, conhecemos e fizemos amizade também com um casal que estava quase tendo o filho, porém que precisava de cuidados especiais porque o bebê, que ainda não tinha nascido, tinha problemas no coração e precisaria sofrer uma cirurgia super delicada no coração logo depois que nascesse. Chegamos a sair com eles para jantar, foi divertidíssimo, ainda mais que nosso inglês não é lá uma maravilha e conversávamos sobre todos os assuntos, mesmo sem saber falar a língua deles. Uma mágica, praticamente!
Para saberem, o bebê desse casal que saímos juntos nasceu alguns dias depois de termos saído com eles. O parto ocorreu perfeitamente e a cirurgia no coração da mesma forma!! Hoje, toda a família passa bem, inclusive o bebê! :)
Por último, não posso deixar de falar na Donna. Ela era uma super staff da casa. Uma senhora que deve ter seus 70 anos, podemos dizer que ela era a governanta, estava sempre andando por tudo, de olho em tudo, ajudando, conversando, sempre de forma muito amorosa e atenciosa. Apesar de ter um pouco mais de idade, ela era super conservada, fazia as compras da casa, ela que levava com o furgão o pessoal para o hospital e a clínica. Ficamos muito amigas, parecia uma mãe pra nós neste período que ficamos lá. Tenho muita saudade dela, sempre com muito carinho, seguidamente trocamos recados e fotos no facebook e por e-mail!
O que posso dizer do RMHC... Eles são incríveis!!! Foi uma experiência muito, mas muito legal, mesmo!!! Conhecer o trabalho que eles fazem, toda a dedicação, as pessoas que estão ali se doando para ajudar o próximo (a casa possui 15 funcionários que são renumerados, mas havia sempre mais umas 5/10 pessoas que eram voluntárias e iam sempre lá ajudar). Às vezes eu pensava que isso não era real, que não podia ser tão perfeito. Mas era: existe!!! Tenho muita saudade de todos, do lugar, desse contato com cada um que chegava lá precisando de apoio, de cada minuto que estivemos lá. Quero voltar e levar o Matheus para eles conhecerem e mostrar onde ficamos e recebemos todo esse apoio que foi fundamental para seguirmos nossa gestação.
Não tenho um conhecimento mais profundo de como é o trabalho do Instituto aqui no Brasil, mas quero acreditar que seja tão bom quanto o que conheci lá em Las Vegas. Quero acreditar que as minhas moedas que eu colocar na caixinha do Mc ajudarão crianças ou famílias que realmente estão precisando e que o dinheiro será muito bem empregado!
Aproveitando, esses dias descobri que todas as compras feitas na Amazon através deste site: http://smile.amazon.com/ você escolhe uma instituição para ajudar e 0,5% do valor das compras é revertido para o instituto. Seguidamente compro no site e já fiz o cadastro da Ronald Mcdonald House Charities Of Greater Las Vegas Inc
Bom, depois de tudo que passamos e vivemos, vou ficando por aqui, espero de coração que tenham gostado de acompanhar nossa experiência.
Um abração e até a próxima!!!
Camila.
Camilanh
Postado
2018-11-27 08:35:24 -0200
Legal Cassio!! Muito gente não sabe também, se utilizam o Amazon para fazer compras, você pode selecionar o instituto e um pedacinho do valor que você paga para o amazon entra para eles.
Compra pelo link: https://smile.amazon.com/
e seleciona: Ronald McDonald House Charities of Greater Las Vegas Inc
elzasok3181815326
Postado
2018-11-23 07:42:38 -0200
ADOREI A MATERIA!!
Cassio legal ter pessoas interessadas em ajudar daqui do Brasil, mesmo com esssa crise.
Cassio, eu ja fiz transferencia por remessa de dolar. Eu cotumo usar alguns sites aqui do Brasil pra transferir pra la, via remessa fica mais em conta e e super facil. Me indicaram a Neocambio (https://www.neocambio.io) e ultimamente tenho usado eles tanto pra compra de papel moeda como remessa. Eu recomendo pela praticidade e preco.
Mas parabens pela iniciativa Cassio!
elzasok3181815326
Postado
2018-11-23 07:42:37 -0200
ADOREI A MATERIA!!
Cassio legal ter pessoas interessadas em ajudar daqui do Brasil, mesmo com esssa crise.
Cassio, eu ja fiz transferencia por remessa de dolar. Eu cotumo usar alguns sites aqui do Brasil pra transferir pra la, via remessa fica mais em conta e e super facil. Me indicaram a Neocambio (https://www.neocambio.io) e ultimamente tenho usado eles tanto pra compra de papel moeda como remessa. Eu recomendo pela praticidade e preco.
Mas parabens pela iniciativa Cassio!
cassiot3172015370
Postado
2018-11-23 07:34:25 -0200
Legal esse instituto!
Alguem sabe se podemos ajudar/contribuir daqui do Brasil?
zardox
Postado
2016-05-04 09:58:53 -0300
Uma história muito rica... e bom sabermos que nos EUA existem muitas pessoas que ajudam às outras... nós ficamos com a impressão de que eles são só US$, "quick", que só pensam neles mesmos, mas vemos exemplos que, como sociedade civil, eles dão banho em muitas por aí...
Quando formos nos MAC´s da vida lá nos EUA, a caixinha var receber uma gorda contribuição... vou mostrar esta reportagens aos meus filhos...
Zardoxzinho vai adorar pingar as moedinhas...