Jamais imaginei o que poderia acontecer em Las Vegas! - Parte 1

29 01/09/2015
- .
- .
- .
- .
- .

Não era esse o post que eu imaginei pra começar meu blog aqui, mas, como estou vivendo essa situação atualmente, achei interessante compartilhar. Talvez seja o maior susto que já levei na vida. Em viagens, com certeza foi o maior. Vou relatar minha experiência, quem sabe numa emergência possa ajudar alguém. ☺
Sempre disse que gostaria muito de conhecer Las Vegas antes de ter filhos; mas foram surgindo outras viagens, promoções super atraentes para outros lugares e Las Vegas acabou ficando...
Até que, em Janeiro/2015, quando eu estava de férias na Argentina, vi uma super promoção pra Las Vegas. Era minha chance, não podia perder!!! Meu marido, enlouquecido comigo, dizia: nem voltamos para casa e tu já está comprando passagem para outra viagem! Mal sabíamos nós que era para ser assim.... que o resultado das férias da Argentina mudaria completamente nossas vidas.
Liguei para minha mãe, perguntei se ela e meu padrasto (nossos parceiros de viagens) topavam ir. Eles gostaram da idéia. Quase soltei foguetes na hora, e acabei emitindo 4 bilhetes para o final de Maio/2015!! Finalmente eu ia conhecer a tão sonhada Las Vegas. Seriam poucos dias, somente sete, mas o suficiente para bater perna e conhecer o bastante.
No final de Fevereiro/2015, descobrimos que estávamos grávidos!!! A felicidade não cabia em mim!!! Demorou um ano e meio esse tão sonhado resultado positivo, já que eu tinha descoberto alguns probleminhas, tendo de fazer alguns tratamentos, cirurgias, enfim, mas que deu certo!!! Já tínhamos até desligado disso, e bem nessa hora descobrimos o resultado...
Na hora pensamos: e agora, a viagem para Las Vegas, como fica?! Fiz os cálculos rapidamente e vi que estaria com 5 meses e meio, ou seja, que seria tranquilo para viajar!! Ufa!!! Inclusive, seria a época que recomendam viajar, se a pessoa pretende tirar umas férias antes do nascimento ou ir comprar o enxoval fora do país.
Então, no final de Maio/2015 embarcamos para Las Vegas!!! Uhuu!! Passamos cinco dias maravilhosos lá, o lugar é INCRÍVEL, com certeza quero voltar! Os hotéis são fantásticos, existem atrações de todos os tipos e para todos os gostos. Realmente, é a Disney dos adultos, só estando lá para sentir a energia do lugar!
E, pelo jeito, acho que nosso Baby também sentiu essa vibração toda e resolveu nos dar um grande susto! Resolveu tentar nascer, mesmo com 5 meses e meio de gestação!!!
No quinto dia da viagem, descemos para tomar café da manhã no Starbucks do Hotel Caesars Palace. Estava me sentindo super bem, uma semana antes tinha feito ecografia e estava tudo perfeito com a gestação. Porém, assim que terminamos de tomar café, quando fui levantar da mesa para irmos passear, acabei tendo uma hemorragia muito grande. Na hora sentei na cadeira e avisei meu marido. Logo chamamos a segurança do hotel e eles imediatamente chamaram os paramédicos.
Em menos de 5 minutos, eles estavam me levando de maca para a ambulância e, dali, para o Hospital. Na hora, parecia uma cena de filme, sendo removida pelos paramédicos, no meio do cassino, andando de ambulância em Las Vegas; mas que, posso garantir, foram momentos completos de pânico.
Felizmente, estávamos em um bom hotel, que nos deu atendimento imediato e solicitou resgate para nos levarem, entre vários hospitais de Las Vegas, para aquele que é considerado o melhor Hospital especializado em crianças.
Realmente, fiquei impressionada com a rapidez e com o profissionalismo de toda equipe do hospital. Eu estava sem documentos naquela hora, praticamente não falo inglês, era uma turista, e nada impediu de me atenderem da melhor forma possível. Dentro da ambulância, fizeram algumas perguntas para dar entrada no hospital, dados pessoais e tempo de gestação.
Chegando no hospital, fui levada imediatamente para sala de emergência, onde cinco pessoas passaram a me atender (um médico e quatro auxiliares). Ligaram para um serviço de tradutor por telefone, me encheram de aparelhos, sonda e fizeram uma ecografia. A todo momento, me contavam o que estava acontecendo. Resumindo: eu estava com um coágulo de 7cm (que gerou um descolamento de placenta) e com contrações de parto. Naquele momento, nos deixaram plenamente cientes de que havia um grande risco do bebê nascer, e que, com 5 meses e meio, as chances de sobrevivência seriam de somente 20%. Porém, que iriam fazer tudo que fosse necessário para segurar o maior tempo possível ele na barriga. Deram injeção para acelerar a formação dos pulmões, injeção para controlar as contrações, e me levaram para o quarto. Tudo que era possível fazer naquele momento foi feito, e agora era esperar meu corpo reagir.
Recebi todo o atendimento necessário sem me perguntarem absolutamente nada sobre questões financeiras, ou mesmo se eu tinha algum tipo de seguro.
Fiquei em repouso absoluto por uma semana, sem levantar da cama, e recebi o melhor tratamento médico até hoje da minha vida! A equipe de profissionais eram excelentes, super gentis, atenciosos e monitoravam meu bebê a cada duas horas.
Pelo terceiro dia, uma pessoa da administração do hospital veio conversar conosco para saber se tínhamos seguro viagem ou algum seguro de saúde internacional. Neste momento, bateu aquela tremedeira, pois não tínhamos e eu nunca me preocupei em fazer seguro para viajar. E agora? Sabíamos que os custos médicos nos EUA são altíssimos, como faríamos para pagar?!!
Bem, como compramos as passagens com o cartão de crédito Itaú Visa Infinite, lembrei de ligar para eles e verificar se tinha alguma cobertura. Porém, nos informaram que não havia cobertura para gastos médicos decorrentes de gestação e doença pré-existente, apenas auxílio para informações e tradução de documentos. Resumindo: eles até tinham boa vontade, mas mais acabaram atrapalhando do que ajudando. Então, falamos para a responsável do hospital que eu não tinha nenhum tipo de seguro, tendo ela prontamente informado que mandaria uma consultora financeira do Estado de Nevada para conversar conosco.
No dia seguinte, essa consultora foi até o quarto, fez algumas perguntas, pegou cópia dos nossos documentos e nos informou que, por se tratar de uma emergência, todos os gastos do hospital e o parto do bebê seriam pagos pelo Governo de Nevada. Nossa, nessa hora, foi um alívio tão grande... tínhamos tido literalmente mais sorte que juízo!
Já no sexto dia, sem sangramento, retiraram a sonda e liberaram para levantar somente até o banheiro e voltar para cama. O médico me informou que estava tudo sob controle, e que, dentro de um ou dois dias, ganharia alta do hospital para continuar o repouso absoluto em casa, mas “em casa”, era Las Vegas, já que não poderia voltar para o Brasil devido ao longo voo e pressão do avião, o que representaria um risco enorme, para o bebê e para mim.
Gente, fomos preparados para ficar uma semana!!! Nosso checkout no hotel foi um dia depois do ocorrido. E agora?! Começamos a olhar alguns apartamentos pequenos para alugar. E o custo disso tudo?! E em dólares ainda, que não parava de subir comparado ao real!!! Até então, nem estávamos pensando nas coisas que ficaram no Brasil (trabalho, consultas, contas, animal de estimação, família etc), estávamos focados somente em resolver mais aquela situação.
Até que um (santo) médico nos falou que, caso a gente não tivesse lugar para ir, ele poderia nos encaminhar para o Instituto Ronald McDonald de Las Vegas, que é uma espécie de casa comunitária para famílias com algum problema na gestação ou com bebê prematuro que necessitavam ficar próximas ao Hospital. O custo era de 10 dólares por dia, por quarto, caso pudéssemos pagar. Ficamos super contentes e topamos na hora!
Bom, no sétimo dia recebi alta do hospital, com a recomendação de que era preciso fazer repouso absoluto, somente caminhar para ir ao banheiro, o restante da locomoção deveria ser com cadeira de rodas.
Ficamos extremamente surpresos quando chegamos no Ronald McDonald: a casa era excelente!! Cada família possui seu quarto e banheiro privativos. As demais dependências são comunitárias. O local ainda oferece todas as refeições, possui uma dispensa e tudo o que precisar sem custo algum (tinha até aquelas máquinas de latinha de Coca Cola free!!!). Todas as noites voluntários faziam jantares, muitos deles eram os Chefs dos restaurantes das grandes redes de hotéis de Las Vegas. Ou seja, mordomia total! Excelente trabalho que eles realizam neste instituto, posso fazer um post explicando mais detalhes sobre essa casa.
Os cuidados continuaram, mais três semanas se passaram e eu fui liberada para sair de casa, mas com a cadeira de rodas. Estava me sentindo super bem, mas internamente as coisas ainda precisavam de atenção, então não podia fazer nenhum esforço.
Conseguimos voltar para a Strip e conhecer alguns lugares que tínhamos planejado e não tínhamos tido tempo antes. Foi aí que senti na pele o que uma pessoa com necessidades especiais, que precisa se locomover com cadeira de rodas, passa. Fiquei realmente impressionada como Las Vegas é preparada para pessoas que possuem alguma deficiência física. Aliás, acredito que em todo os Estados Unidos deve ser assim! Nossa!!! Gente, eu consegui ir em todos os lugares com a maior facilidade: existem portas automáticas, rampas em todas as ruas, elevadores em todos os hotéis, lojas e shoppings; acreditem, andei até de ônibus com a cadeira de rodas: o motorista desceu uma rampa para a cadeira subir, antes de todos os passageiros, e o próprio motorista me colocou no local para cadeirante e amarrou a cadeira, com cinto de segurança e tudo.
Para se ter uma ideia da acessibilidade de Las Vegas, subi quase no ponto mais alto da Stratosphere (lá mesmo, onde as pessoas vão no brinquedo Big Shot, aquele elevador no alto do hotel)!!! E, vejam que interessante: como estava muito quente, preferi esperar meu marido (que estava no brinquedo), na saída do elevador, pois tinha ar condicionado e era mais confortável. Neste momento, os seguranças me viram pelas câmeras ali sozinha e subiram lá para perguntar se eu queria ajuda para subir até o acesso ao brinquedo, que tinha também um elevador para isso. Fiquei suuuuper surpresa, impressionada de como tudo funciona nos EUA!
Bom, mais duas semanas se passaram e voltamos no médico para revisão. E as notícias foram ótimas!!! Estava tudo ótimo com nosso bebê, não existia mais nada de coágulo e a placenta estava normal novamente; porém, para o Brasil, não fui liberada para voltar, devido ao longo voo e tempo de espera em aeroporto sem qualquer apoio. Fui liberada para fazer uma viagem interna nos EUA e, como ainda estava com 28 semanas, não precisaria de acompanhamento médico. Então, resolvemos sair de Las Vegas e ir até Danbury-CT, para ficar na casa da minha tia que mora nos EUA, até porque assim meu marido poderia voltar por algumas semanas e resolver coisas que precisava no Brasil.
Já em Danbury, tivemos que começar novamente a procurar médico para retomada do pré-natal. Procurei uma clínica do governo e consegui fazer um pacote que eles oferecem para imigrantes que não possuem nenhum tipo de plano de saúde.
Para isso, você precisa agendar hora com uma conselheira financeira, levar comprovante de residência aqui dos EUA, carta de quem está ajudando você a se manter (já que não está trabalhando) e passaporte. O pacote custa 1.500,00 dólares, e inclui todas as consultas médicas necessárias, ecografias, exames de sangue e o parto no hospital. Para terem uma ideia, somente um exame de sangue que fiz e recebi a conta pelo correio, o valor era 719,00 dólares!!! Mas que não precisei pagar a mais, pois já estava dentro do pacote. Ufa!
Estou aqui, depois dessa loucura toda, começando o 9.º mês. Felizmente, com todos os cuidados que tivemos, mesmo depois de todos os sustos, conseguimos segurar a gestação até o final. Conseguimos organizar as coisas no Brasil à distância, o trabalho, as contas, quartinho, restante do enxoval, enfim, tudo o que era preciso. Infelizmente, passei quase toda a minha gestação longe da família e amigos: saí quase sem barriga e vou voltar com um filho nos braços, hehehe!
Talvez eu pudesse ter arriscado e voltado para o Brasil, mas, como saber se no caminho não teria algum problema? Na época, achei que a melhor opção era ficar aqui e dedicar esses meses que faltavam para o nosso bebê.
Aprendi a ter muita calma e paciência com tudo isso. Sempre quis as coisas para ontem e tudo isso serviu de lição para me ensinar que as coisas acontecem como elas devem acontecer, cada uma no seu devido tempo.
No Brasil, eu iria optar por fazer cesariana, sempre tive muito medo de parto normal. Já aqui, as coisas são diferentes, e a cesariana só acontece se a mulher não pode ou não consegue ter o parto normal. Aiiii!!!
Estou numa cidade super tranquila e tendo tempo suficiente para preparar minha cabeça para o grande dia. O medo do desconhecido ainda me assusta, mas tenho certeza que estou em ótimas mãos, num hospital muito bom, com todos os cuidados médicos que podia imaginar!
Daqui algum tempo, pretendo atualizar o post contando como foi o final de toda essa história e, também, como emitir as documentações necessárias para um bebê filho de brasileiro nascido nos EUA. ☺
Depois de toda essa história, ficou a lição de que nossas vidas irão mudar completamente de agora em diante. Não seremos só um casal conhecendo o mundo, chegando de viagem de férias mais cansados do que saindo. As viagens irão continuar - amamos viajar e são elas que nos dão ânimo para trabalhar todos os dias -, mas agora teremos uma "pessoinha" que, já de dentro da barriga, sente tudo que estamos fazendo, e que, da sua forma, impôs o limite necessário para a mamãe aqui pisar no freio e entender que, a partir de hoje, tudo será diferente; contudo, tenho certeza, ainda mais intenso e feliz!
Talvez, se eu não tivesse feito tanto esforço, caminhado tanto, nada disso teria acontecido; mas, ao invés de ficar me culpando, prefiro pensar que as coisas acontecem da maneira que são para acontecer, e procuro sempre olhar o lado positivo de tudo. Por isso, penso que tudo isso deve servir para aquilo que talvez seja a maior herança que poderemos deixar para o nosso filho, a cidadania Americana, mesmo que jamais tivéssemos pensado que um dia isso seria possível!
Boa sorte para nós!!
Até mais!!!
anarach3312215511
Postado
2019-03-21 18:29:17 -0300
Oi Camila! Tudo bem? Presto consultoria sobre direitos dos viajantes e Estou fazendo um post para o blog sobre seguro viagem, e pesquisando sobre a importância dele para gestantes encontrei o seu caso. Que susto! Ainda bem que no final deu tudo certo. Posso colocar o link para a sua história no blog?
elzasok3181815326
Postado
2018-10-07 23:18:56 -0300
Uma amiga minha passou por um susto la no USA tambem.
Quanto a pergunta do Gariel, nao sei exatamente se ela levou muito dinheiro com ela, mas nunca e demais se previner ne? Ela me disse que comprou em um site de um amigo nosso (https://www.neocambio.io) e comprou la tambem um cartao pre pago. Eles entregam em casa que ajuda bte qdo vc esta gravida... :)
gabriel3171915345
Postado
2018-10-07 23:09:51 -0300
Bem legal seu post! Ainda em que deu tudo certo no final. Como vcs pagaram as conta? Minha esposa esta gravida e goostaria de saber se preciso levar mais dolares ou se eles aceitam cartao de credito
viviane84
Postado
2016-01-29 12:40:16 -0200
Bom dia camila!! Li a história e realmente foi uma aventura... Gostaria de saber o final dela, como foi a volta pro Brasil? Chorei na primeira parte e na 2 não poderia ser diferente! ! Foco aguardando... bjosssss e seu filho é lindo!!
Danidanielle
Postado
2015-11-23 02:00:39 -0200
Ah! E as contas dos hospitais continuam lá, pois o setor financeiro e bem desorganizado e não entrou em contato com meu seguro. E estão no meu nome!!! Enfim, acredito que cada estado tenha uma forma de proceder no caso de emergências médicas com turistas. Não tive sorte por estar na Florida