O retorno do pequeno viajante! - Parte 3
Connecticut
5 07/03/2016
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Bom, conforme eu havia comentado no post anterior, após o parto, já em casa, tivemos mais um susto. O médico já havia alertado que poderia ter hemorragia em casa e, caso isso acontecesse, era para imediatamente ligar no 911 e ir para emergência. Capaz que isso não ia acontecer comigo também, né?!
Uma semana após o parto, notei um sangramento que não era normal e me assustei muito! Falei com o meu marido e na hora ligamos para o 911. E começou a função novamente... Em menos de 5 minutos estava estacionando na rua de casa um caminhão do corpo de bombeiros. Lá onde estávamos, quando chamamos a ambulância, sempre vem junto o corpo de bombeiros. Este chegou primeiro, e logo os paramédicos do corpo de bombeiros entraram em casa para dar os primeiros atendimentos. Explicamos a situação, eles ficaram monitorando a pressão e os batimentos cardíacos até a ambulância chegar de fato. Quando a ambulância chegou, estacionaram na porta da garagem e já vieram com uma cadeira de rodas para me locomover até a parte externa. Fizeram algumas perguntas e exames rápidos ali dentro de casa mesmo.
A essa altura, já tinha vizinhos ligando para ver o que estava acontecendo, pois estava a ambulância na porta da garagem e mais o caminhão de bombeiros na subida do “drive way”, todos com as luzes ligadas, girando e piscando, aquela cena de filme.
De casa, fomos direto para o hospital e entrei na parte da emergência. Ela era enorme, com diversas salas de atendimento e muitas pessoas trabalhando.
Já na sala e na maca, veio uma primeira enfermeira e fez nossa entrada na emergência e colocou no sistema o que estava acontecendo. Quando passei meu nome, ela já puxou toda minha ficha do hospital e já tinha todo meu histórico.
Na sequência, fui atendida por uma médica brasileira que estava no plantão daquela noite, carioca, muito querida e atenciosa.
Graças a Deus fez todas as avaliações necessárias e estava tudo normal, tudo o que estava ocorrendo era... normal. UFA!!! Depois de tudo que passamos, qualquer coisa diferente já me deixava nervosa e assustada. Fomos liberados e retornamos pra casa para, finalmente, não voltar mais para o hospital.
Como já cometei, fiz todo o atendimento pela rede pública, através de um pacote para gestantes, inclusive a cirurgia que precisei fazer após o parto ficou incluída.
Vou contar algumas curiosidades do atendimento e do hospital.
Depois que o nosso filho nasceu, ganhamos uma pasta com diversas informações sobre bebês (praticamente toda já em língua portuguesa), sobre o hospital, sobre amamentação, sobre depressão pós-parto (fiquei muito surpresa com a preocupação deles em relação a isso, em todas as consultas depois do parto eu precisava preencher questionários para eles avaliarem se eu estava me sentindo bem), espaço para colocar dúvidas, ali ainda guardavam os laudos médicos, era anotado e feito o controle da amamentação, vacinas, visitas médicas, números de vezes que o bebê sujou a fraldinha etc.
O quarto da maternidade era privativo, muito semelhante aos quartos dos Hotéis Ibis, porém ainda tinha uma pia com armários. Para o acompanhante, tinha uma sofá-cama confortável, com travesseiros, jogo de lençóis e cobertor.
Infelizmente, nesses dois dias que ficamos lá, e depois de todo corre-corre, acabamos esquecendo de tirar fotos de detalhes assim, tenho somente fotos com meus familiares.
Todos os quartos possuem uma bomba elétrica para retirar leite materno e todas as novas mamães recebem a visita de uma profissional em lactação (como chamam lá), que orienta e ensina tudo sobre amamentação. Ela me explicou absolutamente tudo o que eu precisava saber e mais um pouco, desde posições para amamentar, tempo, barulhos que o bebê faz, se está engolindo ar, até a usar a máquina para extrair leite, como armazenar na geladeira, no freezer, e sua validade. E ali, desde o primeiro dia, já pediu para eu utilizar a máquina para estimular a produção de leite e ajudar a conseguir amamentar. Foi uma experiência muito legal. As mamães ganham de presente um kit manual da marca Medela, com todos os equipamentos necessários para extrair leite materno. Adoreeeei isso, hehehe (quem já comprou sabe o quanto é bom ter uma bomba dessas e que não é muito barato essas coisas).
Todos os bebês ganham um presente de boas vindas com pacote de lenço umedecido, pacote de fraldas e um cartão. As enfermeiras colocam uma roupinha e touca do próprio hospital e deixam enrolado num cueiro, o típico “charutinho”. No bercinho, tinha uma gaveta com mais roupinhas e cueiros para você usar no bebê e depois levar para casa.
Uma coisa que também achamos legal é que todos os recém-nascidos ficavam com um alarme no pezinho. Este só foi retirado no momento da alta, onde assinamos que estávamos cientes de que o bebê ficaria sem o alarme e sob a nossa responsabilidade. A enfermeira ainda enfatizou: cuidem dele!!! Não é de hoje a fama dos EUA sobre o roubo de crianças, e pelo jeito eles se previnem o máximo que podem.
No berçário, somente meu marido podia entrar (e, antes, sempre precisava mostrar a identificação dele). Não tinha um controle muito grande de visitantes, quem entrava e saia na ala da maternidade, mas todas as portas que davam acesso à rua possuíam sensores de alarme, caso alguém saísse com alguma criança.
Antes de ganharmos alta, nosso bebê foi avaliado pela pediatra que já havíamos escolhido durante o pré-natal. Ela explicou como funcionavam as próximas consultas. Informou que, antes da primeira visita no consultório dela, iríamos ter uma consulta com a profissional de lactação da clínica para ver como o bebê estava mamando e, posteriormente, a consulta com ela.
No próprio hospital, preenchemos alguns papeis para fazer a certidão de nascimento, o Social Security (equivalente ao nosso CPF), o cartão para o atendimento público de saúde e o cartão do serviço social (uma espécie de INSS deles).
A certidão de nascimento precisávamos com muita urgência, pois era com ela que iríamos encaminhar o passaporte americano e também fazer a certidão de nascimento brasileira e o passaporte brasileiro.
Lá, a certidão de nascimento demora até um mês para ficar pronta e precisamos retirar no Danbury City Hall. Na semana seguinte, já fomos até o local verificar se, por acaso, não estava pronta a certidão e explicar a situação para tentar conseguir ela o quanto antes. Para nossa surpresa, eles verificaram e já estava pronta, com somente uma semana, daí logo conseguimos agilizar os demais documentos.
Já havíamos deixado agendado horário no Consulado Brasileiro de Hardfort-CT e, com a certidão americana em mãos, fomos até lá para emitir os documentos brasileiros. Lá, fizemos a certidão de nascimento brasileira e o passaporte brasileiro, tendo sido extremamente bem atendidos. Como estávamos com bebê de colo, recebemos uma senha preferencial (nos EUA, isso não existe, mas estávamos em território brasileiro :)). Ambos os documentos ficam prontos na hora: nos solicitaram a certidão de nascimento americana, os passaportes dos pais e a nossa certidão de casamento. Esperamos em torno de uma hora e nos chamaram para entregar tudo. Agora, nosso filho já tinha também a cidadania brasileira.
No Brasil, precisamos levar a certidão de nascimento feita no consulado no registro civil aqui da nossa cidade para produzir efeitos no Brasil.
Já o passaporte americano é feito pelos correios.
Você preenche um formulário, deixa cópia dos documentos dos pais, faz o pagamento da taxa e deixa ainda uma foto do bebê; esta foi a parte mais difícil, por incrível que pareça. Nem os correios, nem a rede de farmácias CVS tiram fotos de bebês para passaporte. Tivemos que ir num fotógrafo profissional, no shopping da cidade. Ele demorou 30 minutos para conseguir tirar a foto do nosso filho com duas semanas de vida com a cabeça reta, os olhos abertos, tudo isso em um fundo branco. Não foi fácil, hehehe.
Pelo serviço normal, demora de 3 a 6 semanas para chegar o passaporte em casa. Como estávamos com muita pressa para voltar para o Brasil, pagamos uma taxa um pouco maior para o passaporte chegar em 2 a 3 semanas (tudo, ficou em torno de 200 dólares). Funcionou perfeitamente e, em duas semanas, nos entregaram o passaporte em casa.
Agora, com os documentos já encaminhados, pudemos finalmente comprar nossas passagens de retorno para o Brasil. Programamos a volta para o dia em que o nosso filho completou um mês. Neste dia, ele ganhou a segunda dose de uma vacina e pudemos embarcar para casa. A pediatra dele nos EUA nos explicou da fragilidade de um bebê, pediu para esperar pelo menos o primeiro mês para voltarmos, que o ideal seria dois meses, mas ela entendia nossa situação e nos orientou como proceder dentro do avião para evitar ao máximo que ele acabasse sendo contaminado ou sentisse dor nos ouvidos devido à pressão no pouso e na decolagem. Conseguimos uma promoção de milhas pela TAM na classe econômica e foi essa que fechamos. Eu acho que eu voltaria até junto das bagagens, hehehe, queria muito chegar em casa. Tentamos com a TAM contratar o berço móvel que a companhia disponibiliza e é colocado na primeira fila de poltronas, porém esse já estava alugado. Então, marcamos as três poltronas do meio para mim, meu marido e minha mãe, e assim viemos, com o fofinho no colo, num revezamento, hehehe.
A viagem foi excelente, passou muito rápido, muitos passageiros nos ofereceram ajuda se precisássemos. O Matheus, como estava somente com um mês, praticamente só dormiu e mamou. Não chorou nenhuma vez, nem quando precisou trocar a fralda ou trocar a roupa. Foi muito querido e colaborou muito! O voo teve uma turbulência bem leve praticamente o trajeto todo, até acho que esse balancinho ajudou ainda mais a manter ele descansando.
Quando chegamos ao Brasil, foi tudo super tranquilo. Passamos na imigração e ele entrou como Brasileiro no país. Passamos pela alfândega com nossas “poucas” malas, hehehe. Achei que pudessem nos parar, pois eu tinha saído do país em maio e estava retornando em outubro, e com diversas malas, mas passamos tranquilos, não fomos sequer parados.
Mais um voo doméstico e finalmente pousamos em casa. Aaaah, que felicidade, não víamos a hora de descer do avião, revermos nossas famílias e finalmente apresentar o Matheus!
Como estávamos com muita bagagem e mais o bebê conforto para carregar, esperamos todo mundo sair para pegar nossas malas de mão com calma e descer do avião. No caminho até às esteiras, ainda tivemos que trocar fralda, ir no banheiro, fazer toda a função, hehehe. Quando chegamos nas esteiras, não tinha mais ninguém, e um funcionário da TAM, gentilmente, já havia colocado nossas malas nos carrinhos. Ufa...eram muitas!!! Como demoramos, toda aquela galera que fica no desembarque esperando os passageiros chegarem, já não havia mais, somente as pessoas que estavam nos esperando. :)
Nossa!!! Quando eu olhei de longe, vi nossos familiares, e nos fazendo surpresa, vieram vários amigos e padrinhos do Matheus!!! Não consegui conter as lágrimas!!! Minhas amigas que eu amo, lá me esperando, para me dar aquele abraço apertado que eu tanto precisei nesses meses todos. Nossa!!! Foi uma choradeira geral!!! Lindo demais!!! Me emociono só de lembrar!!! Vai ficar para sempre na minha memória!!!
Foi uma experiência incrível!! Tudo isso que passamos nesses 5 meses fora do país nunca mais será esquecido, foi um aprendizado de vida, um crescimento pessoal incrível, faz parte da história do Matheus e, um dia, quando ele já entender, vamos ter muito orgulho de contar tudo pra ele: tudo que passamos e lutamos para ter esse final feliz e hoje poder estar com ele super lindão e saudável completando nossa família!!! :)
Bom, espero que tenham gostado desses três posts onde abri nossa história para todos, querendo, de alguma forma, ajudar, alertar e, também, contar sobre nossos sentimentos e experiências de tudo que vivemos nesses meses longe de todos, num outro país, com tantas situações difíceis para encarar!
Por último, muitas pessoas ficaram interessadas em saber mais sobre a casa de apoio que ficamos em Las Vegas, então, no meu próximo post, vou contar um pouco mais sobre a Ronald McDonald House. Pretendo publicar o quanto antes, ok? Já estou trabalhando e, com mais o bebê pequeno, acaba não sobrando muito tempo para escrever.
Até mais, abração!!!
Camilanh
Postado
2016-05-05 22:15:05 -0300
Zardox,
Quando aconteceu tudo isso não fui viajar para fazer enxoval. Na verdade, já havia feito o enxoval 2 meses antes, tb nos EUA. Essa viagem fizemos pois já haviamos comprado as passagens antes de sabermos que estava gravida.
Se a gravidez é tranquila e a viagem ocorrer entre o 3 e 5 mês, vale a pena viajar para fazer enxoval. MAS é muito cansativo, por isso é fundamental conseguir fazer tudo com calma, respeitando a condição de estar grávida, para minimizar qualquer problema. Ainda, é muito importante contar com a ajuda de mais alguém.
Ah! E seguro viagem sempre!!! Aprendi!!! :)
zardox
Postado
2016-05-04 14:02:09 -0300
Nossa.. que história bonita...
Isto parece uma sinfonia de eventos... com tudo dando certo no momento certo...
Seu filho é muito bonito...toda sua história é muito bonita...
Mas... uma dúvida: se vocês estão programando outro filho, pensam em ir ao EUA para fazer enxoval de novo ??? rsrsrsrs...
JulianaMagalhaes
Postado
2016-03-08 18:23:50 -0300
Camila, você me fez chorar mais uma vez! De verdade! Sua história é realmente muito emocionante e confesso que tava ansiosa por esse post pra saber o desfecho da história! O Matheus é lindo demais e imagino sua emoção ao chegar no aeroporto e ver a família e amigos lhe aguardando! Emoção pra uma vida inteira!
E muito legal saber como funcionam as coisas lá fora, a atenção que lhe foi dada, o material em português e o comprometimento e seriedade que tratam todos!
Só fico imaginando o Matheus já grandinho e escutando essa história toda! Parabéns pela família e estou curiosa pelo próximo post!
Camilanh
Postado
2016-03-08 08:32:38 -0300
Sim Bruno, ficamos surpresos em ganhar todo esse material em Português. Eles estão muito preparados, o atendimento que ganhamos foi incrível, pessoas super humanas que trabalham com comprometimento total.
Bruno
Postado
2016-03-07 15:41:43 -0300
É Camila, como sempre seu post é cativante!! Achei incrível como todo processo aí é perfeito, inclusive estou vendo que o guia do hospital, os detalhes, tem a versão PT-BR, muito muito legal.
Realmente a luta diária vai fazer com que o pequeno Matheus tenha muito muito orgulho da família! Parabéns!!!