Nascimento do filho nos EUA - Parte 2
Connecticut
8 21/12/2015
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Inicialmente, gostaria de agradecer a todas as mensagens de carinho publicadas aqui no blog e as inúmeras mensagens na página do Facebook do Falando de Viagem! Fiquei muito feliz e, com certeza, me ajudaram a enfrentar tudo que passamos!
Agora... claro que o final da historia não seria diferente, com um pouco mais de drama e emoção...
Vou fazer posts separados (nascimento e outro com detalhes do hospital, documentação e viagem para Brasil), pois é muita coisa para contar.
Já estávamos nervosos e muitos ansiosos por esse dia, que, pra nós, não chegava nunca! Como já estava em tempo do bebê nascer, comecei a fazer exercícios indicados para preparação e facilitação do parto normal e, também, caminhar um pouco mais: resolvemos aproveitar um dia maravilhoso de sol e fazer um piquenique na beira do lago Candlewood Lake, em Brookfield-CT.
No dia seguinte, fomos passear em cidades vizinhas e, no final da tarde, tomar um sorvete numa sorveteria muito conhecida na região, em Newtown, chamada Ferris Acres Creamery, com excelentes sorvetes artesanais. Ela fica dentro de uma fazenda e todos os produtos vendidos são feitos com o leite das vacas criadas na própria fazenda. Recomendo muito!!!
Naquele final de tarde, lembro que comentamos que esse poderia ser o último sorvete sem o nosso pequeno... E não é que foi mesmo?!!! :D
Exatamente neste dia, quando fechamos 40 semanas, nosso bebê resolveu vir ao mundo!!!
Estávamos em casa, já prontos para ir dormir, quando fui levantar do sofá e a bolsa simplesmente estourou!!!
Sempre escutei falar que você tem algumas horas para ir para o hospital depois que a bolsa rompe, que pode tomar um banho, pegar as coisas com calma e ir para a maternidade. Esqueçam isso! IMPOSSÍVEL, pelo menos pra mim!!! Saí correndo para avisar meu marido - naquela hora eu tremia dos pés a cabeça, mesmo que não estivesse sentindo ainda nenhuma dor.
Comecei a pegar as coisas, correria dentro de casa, mãe, tias e meu marido no telefone avisando a família no Brasil. Comecei a sentir uma leve dor, que, daquele instante em diante, foi aumentando a cada minuto que passava.
Todos no carro: duas tias, mãe, eu, meu marido e a bolsa da maternidade. Estávamos há uns 20 minutos do hospital, eu e meu marido já tínhamos treinado o caminho até lá, inclusive dentro do hospital, até à ala da maternidade, já que parecia um labirinto, hehehe. Porém, acredito que chegamos em 12 minutos, que pareciam demorar horas!
Quando chegamos no hospital, as dores já estavam bem fortes; buscaram minha “velha amiga” cadeira de rodas e a Família Buscapé saiu correndo hospital adentro para a maternidade.
Já no balcão de atendimento, imediatamente pediram meu nome e me encaminharam para uma sala de checagem. Eu estava fazendo todo pré-natal na clínica vinculada ao hospital, então não precisei fazer nenhum cadastro na entrada, já que eles estavam sabendo que a qualquer momento eu poderia chegar em trabalho de parto.
Na sala de checagem, verificaram os batimentos cardíacos do meu bebê e como estavam as contrações. Como a bolsa já havia estourado, eles não verificam a dilatação para evitar qualquer infecção. Eu já estava com muita dor, então pedi a anestesia peridural. A enfermeira solicitou, portanto, que chamassem o anestesista. Ela começou a me encher de perguntas e, como era meu primeiro filho, normalmente essa primeira etapa do trabalho de parto demora, sendo comum demorar muitas horas (8, 9, 10 horas). Então, ela estava com a maior calma do mundo, além de tudo acabar demorando o dobro do tempo, pois utilizávamos um interprete por telefone.
E... nada do anestesista (informaram que ele estava num outro quarto e já estaria vindo), e eu querendo sumir dali de tanta dor.... hehehe
Finalmente, depois dos 30 minutos mais longos da minha vida, nos transferiram para a sala de parto. Infelizmente, naquele momento foi impossível lembrar de tirar fotos, mas quando entrei fiquei muito surpresa com o quarto, parecia um quarto de hotel, com sofá, uma banheira triangular no canto do quarto para duas pessoas, bola de pilates, iluminação reduzida, e demais equipamentos normais de um quarto de hospital. Tudo muito humanizado. No quarto, deixaram ficar quem eu autorizasse: acabou ficando todo mundo, sendo minhas tias e minha mãe num cantinho só observando e meu marido do meu lado me dando o apoio que eu precisava, quando ele conseguia, kkkkkk (porque algumas vezes, nos intervalos das contrações, eu olhava para ele e ele estava caído num sofá, quase desmaiando, hehehehe). Não era necessário colocar roupas hospitalares, somente eu, um avental.
Toda equipe estava suuuuper calma, como se aquilo tudo fosse demorar uma eternidade. E eu só queria o tal anestesista!!!
FINALMENTE, ele chegou (e, mais uma vez, demoraram horrores: ele fez um monte de perguntas com a ajuda do tradutor, inclusive perguntas que a primeira enfermeira já havia feito). Eu só conseguia mais sussurrar: - siiiimmmm!!! Nãããooooo!!! Quando achei que iria receber a tão desejada anestesia, ainda tive que assinar um documento onde eu declarava que estava de acordo com todas as consequências que poderia ter decorrentes de uma anestesia peridural.
Aleluia! Me mandaram sentar na cama e aplicar a injeção! E foi aí, quando eu sentei, que meu bebê encaixou e senti que ele já estava começando a sair. Eu na hora dei um grito muito alto e falei para o médico (que falava espanhol): Está nascendo, está saindo!!!
Então ele mais do que rapidamente examinou e disse: - Está!!! Mas infelizmente não poderemos mais aplicar anestesia nesse estágio do trabalho de parto...
Respirei fundo e pensei: - Vamos lá!!! Não há o que eu possa fazer! Vamos encarar mais essa!!!
A partir dali, a cada contração, fazia a maior força que já fiz na vida! Depois que tudo passou, meu marido brincou que, se eu tivesse dando a luz a um hipopótamo, teria nascido também, hehehehe! Naquele momento, a todo o tempo, o médico foi me orientando como proceder, buscando forças de onde jamais imaginei para conseguir dar a luz ao meu filho.
Tudo passou muito rápido e, poucos minutos depois, escutei o melhor e mais lindo choro do mundo!!!
É uma emoção inexplicável, nada do que eu disser aqui vai conseguir representar todo o amor e a emoção de quando tu, pela primeira vez, vê nascer de ti um bebê lindo e todo perfeito, chorando assustadinho com todo aquele mundo e tudo em volta dele!! Assim que ele nasceu, já colocaram ele no meu peito e ali ele ficou quietinho. É um momento único, impossível de descrever, somente vivendo a emoção de ver e sentir o teu filho nascer para entender. Todo aquele turbilhão de emoções fez eu esquecer todas as dores e todo o mais de complicações que senti em todos aqueles minutos, semanas e meses antes.
E, quando finalmente respiramos aliviados, tudo tinha dado certo e aqueles meses de angustia tinham chegado ao fim, ali, com meu filho nos braços, recebi a informação do médico de que minha placenta não estava descolando do útero e que isso era muito sério. Mais tarde descobri o nome, tratava-se de placenta acreta, o que até então nem sabia que existia.
Chamaram a médica que estava responsável pela equipe naquela noite para ajudar: por algum tempo, tentaram remover manualmente a placenta, sem anestesia. Foi terrível, posso garantir que a dor foi muitas, muitas vezes pior que a do parto (e essa dor eu não esqueci); não parava de perder sangue e, quando eu estava começando a ficar mal devido à perda de sangue, o médico informou que eu precisaria fazer imediatamente cirurgia para remoção da placenta. Nos deixaram cientes de todos os riscos (que eram grandes, tanto de histerectomia - remoção do útero -, como de vida).
Mais uma vez, fizeram que eu, mesmo estando naquele estado, assinasse um papel confirmando que eu estava ciente de tudo e autorizava o procedimento.
Então, levaram meu filho para o berçário (se não, ele teria ficado conosco o tempo todo) e eu para o bloco cirúrgico. Lembro vagamente da equipe me levando a mil pelos corredores, colocando gelo e pano molhado no meu rosto, já que eu estava quase desacordada, perdendo sangue sem parar. A última coisa que eu disse para o médico foi: - faz o que for necessário, mas faz logo!!! Naquela hora, lembro que pensava que não podia acreditar que, depois de tudo que passamos, podia não resistir e deixar meu marido e meu filho sozinhos.
Então, finalmente recebi anestesia geral e fizeram a cirurgia para remoção da placenta.
Soube depois que foram horas intermináveis de muita angustia para meus familiares, mas que, graças a Deus, consegui ser muito forte e resistir a tudo! A primeira coisa que pensei quando acordei foi: estou viva!!! Fiquei ali me recuperando, tentei me recuperar o mais rápido possível da anestesia para poder voltar para o quarto e ficar com meu bebê e meu marido.
O médico foi até à sala de recuperação ver como eu estava e explicou tudo que tinha sido realizado: informou que recebi 4 bolsas de sangue e que conseguiram fazer toda a remoção da placenta, sem necessidade de retirada do útero (mais uma vez, levantei as mãos para o céu e agradeci!). Disse também que eu poderia ter hemorragia novamente e, se isso acontecesse nos próximos dias, deveria ligar no 911 e ir imediatamente para o hospital. Ele me pediu diversas vezes desculpa (não entendi até agora muito bem o motivo, não sei se pelo fato de terem demorado quando pedi a anestesia peridural e não deu tempo de fazer, ou pelo fato de eu ter passado tanta dor, talvez desnecessariamente). Pelo que entendi, ele era um médico residente, tendo sido o primeiro caso dele de placenta acreta. Notei que ele estava um pouco assustado, acho que estava comovido com a situação, mas, ainda assim, estava sendo sempre muito atencioso e profissional.
Alguns minutos depois, chegava finalmente a hora de ir para o quarto: me levaram de volta para o andar da maternidade e, de longe, já avistei meu marido e, agora, pai do nosso filho, ansioso e emocionado, me esperando no corredor!
Logo depois, a enfermeira trouxe nosso bebê e colocou ele para mamar. Respiramos fundo e aliviados: depois de tudo que tínhamos passado até poder chegar ali, finalmente estávamos todos bem e juntos!!!
Assim fiquei após a cirurgia, já no quarto com meu pacotinho ali do lado, debilitada, mas muito feliz.
Desde quando tínhamos tido o primeiro problema da viagem, tínhamos certeza de que as coisas não seriam fáceis, mas jamais imaginávamos que, na hora de nascer nosso filho, teríamos tido tantos picos de emoção, passando da felicidade plena a momentos de angústia e tensão que jamais imaginávamos que poderíamos passar.
É claro que estar viva e bem, com o nosso filho lindo nos braços, faz tudo valer a pena! Mas não quero que, para poder chegar nesse momento único, precise eu ou qualquer pessoa passar pelo turbilhão de emoções que acabou nos conduzindo até aqui.
Portanto, pessoal, espero, de coração, abrindo a nossa história e intimidade da forma que expusemos nestes dois textos que fiz até agora, que consiga alertar a todos da série de situações que, com decisões mais prudentes e sensatas, podem ser evitadas.
Mas, por outro lado, quero deixar bem claro que, mesmo com todas as dificuldades que alguém ou uma família possa enfrentar numa gravidez, ainda mais em viagem para país com sistema tão diferente do nosso, acreditando em boas energias, fazendo e se sujeitando a tudo o que for necessário para se sair vitorioso, podem ter certeza de que algo maior, uma luz e energia indescritível, estará esperando por nós do outro lado desse caminho! E, podem ter certeza também: todo o esforço, todas as dificuldades, somente nos tornará mais fortes e fará tudo ter valido a pena! Vencemos essa!
Enquanto termino de escrever esse post, estamos prestes a comemorar os 03 meses do nosso presente de Deus, que não para de crescer e está a cada dia mais lindo!
Como disse no início, para não me extender ainda mais, vou fazer um próximo post, contando detalhes sobre o hospital, documentações e a volta para Brasil. Ah, e mais um sustinho, de leve!!! :)
Beijo grande, até o próximo post!
Camila.
Camilanh
Postado
2016-03-08 08:25:07 -0300
Graças a Deus no final deu tudo certo e meu filho está ótimo, crescendo sem parar, não para quieto um minuto, suuuper curioso, pelo jeito vai adorar viajar!!! :) Muito obrigada pelo carinho de todos.
zardox
Postado
2016-03-08 07:55:04 -0300
Parabéns pelo lindo bebê e pela linda história...
Dava para virar um filme...
Todos aqui ficamos felizes em saber que você e seu bebê estão bem...
Igguiim
Postado
2015-12-28 16:41:25 -0200
Parabéns pelo filhote.. :)
Ainda bem que está tudo bem e que no fim deu tudo certo!
Bruno
Postado
2015-12-27 12:26:42 -0200
Camila Camila!! Tudo incrível!!! Conto a sua história a todo mundo. E agora o post do final feliz com um lindo menino. Como você mesma disse, cheio de picos de emoção. Parabéns!!!! :-)
VitorFonte
Postado
2015-12-24 19:59:47 -0200
Parabéns! Fico feliz que deu tudo certo!